quinta-feira, 11 de abril de 2013

Qual é a Cor do Universo?



Parece uma daquelas perguntas que só as crianças são capazes de fazer: qual é a cor do universo? Daí, ao tentar responder, você fica atordoado pensando se algo tão grande, tão vasto, tão desconhecido e tão obscuro pode ser representado visualmente por uma única cor. Se mesmo assim você ousasse fazer essa pegunta aos astrônomos há alguns anos, a maioria responderia que o Universo é de um turquesa-pálido. Um pouco óbvio, pensando bem.
Mas e se lhe dissessem que a cor do Universo estaria mais para um bege bem café-com-leite? Segundo o Science Soup, tal cor foi mencionada pela primeira vez em uma nota de rodapé de um paper sobre formação de estrelas escrito por dois astrônomos da Johns Hopkins University — infelizmente o Soup não cita os autores do tal paper. Foi um chute, mas ainda assim foi um chute com método científico, pois foi confirmado em uma pesquisa publicada na edição de dezembro de 2003 do Astrophysical Journal.
Liderada pelo alemão Gregory Rudnick, uma equipe de astrônomos da Alemanha, da Holanda e dos Estados Unidos usou dados do “Hubble Deep Field South (HDF-S)”, uma minúscula porção do céu ao sul da constelação de Tucanae, o Tucano. Embora seja 100 vezes menor que uma Lua Cheia, essa área abriga cerca de 300 galáxias visíveis pelo telescópio espacial Hubble. Eles reuniram a luz das galáxias daquela região, processaram o amontoado luminoso e repartiram-no, como num prisma que separa a luz nas cores do arco-íris. Depois, eles “fizeram uma média” de tudo e deram com uma cor que — se fosse visível ao olho humano, já que outras ondas luminosas além do espectro visível também foram consideradas — seria bege. Tipo, assim:


Não foi um experimento à-toa, fruto de curiosidade infantil. Esta descoberta foi mais uma confirmação da evolução estelar e, em última análise, do Big Bang. Sim, porque os astrônomos descobriram que a cor universal tem sido cada vez menos azul ao longo dos últimos 10 bilhões de anos. Faz sentido, afinal o Universo está sendo cada vez mais habitado por estrelas mais velhas e avermelhadas, que estão tomando o lugar das gigantes azuladas da primeira geração estelar.
Rudnick também comenta outro aspecto da descoberta: “Uma vez que a quantidade total de luz no passado do Universo era quase a mesma de hoje e as jovens estrelas vermelhas emitem muito mais luz do que envelhecidas estrelas vermelhas, deve ter havido significativamente menos estrelas no Universo jovem do que há hoje. Nossas descobertas implicam que a maioria das estrelas do Universo foram formadas relativamente tarde, não muito antes do nascimento de nosso Sol, num momento em que o Universo tinha cerca de 7 bilhões de anos”.
Ok, achar a cor do Universo nem era o objetivo principal da pesquisa, mas foi uma interessante surpresa. Mas e quanto ao nome dessa cor? Não se trata, evidentemente, de um bege comum e cor-do-universo seria algo pouco instigante. Entre as sugestões houve skyvory (ou seria eburcéu?) e univeige (ou unibege), mas os autores preferiram falar em cosmic latte — o café-com-leite cósmico.




Nenhum comentário:

Postar um comentário